Soube que Hegel (Friedrich) anda muito preocupado, pois disseram-lhe que está sendo acusado por um “crime” que não cometeu. Aliás, alega que nem conheceu um tal de Marx e nem suas teorias revolucionárias, as quais ficaram conhecidas como marxismo. Talvez esteja sendo confundido com um sujeito conhecido por Hengels (Friedrich), que seria contemporâneo daquele revolucionário, mas jura que não é essa pessoa.
Sua preocupação aumenta na medida em que não há mais limitações extraterritoriais (pode ser extraditado!), e, nesse País periférico, parece que há uma inversão de tudo! Por exemplo, lá todo mundo é presumidamente culpado, até que prove sua inocência, e deve fazer prova contra si mesmo! E, o mais grave: a Suprema Corte desse País restringiu ao extremo a utilização do Habeas Corpus, atendendo a voz das suas, retrocedeu até antes de 1215! No entanto, ela (STF) não abre mão de dar a última palavra sobre ele (HC), mas construiu, para se chegar até lá, uma escada maior que aquela da Torre de Babel. Dizem que alguns pacientes cumprem toda a pena antes da condenação, ou morrem antes de chegarem até cúpula.
Aliás, continua Hegel, ouviu dizer que o Rei João Sem Terra está a fim de retornar à Terra para consertar tudo (não para integrar o MST), mas anda temeroso de encontrar aquele baixinho ditador (não o Hitler, porque esse foi incinerado e nunca encontraram o cérebro dele, dizem que não tinha), mas seu sucessor no Brasil, que dá a primeira e a última palavra, sempre condenatória. Mas como tudo anda muito rápido no novo milênio (menos a Justiça brasileira), ainda não há campos de concentração (dizem que sua versão moderna é o Sistema Penitenciário brasileiro), com o avanço da tecnologia e a era digital as pessoas podem ser cremadas antes do trânsito em julgado (a Constituição rígida foi relativizada: vale a interpretação do dia!). Os precedentes também foram desprezados... a Corte volta-se para o futuro, numa espécie de Minority report.
Huffa!!! Sobressaltado, Hegel acorda e respira aliviado: nossa que pesadelo horrível, jamais voltaria, ainda mais com esses riscos brasileiros, onde não há segurança jurídica e nunca se sabe o que os aplicadores da lei podem acordar pensando no dia seguinte! E aqueles promotores de justiça que confundem alhos com bugalhos...! Agradeço meu descanso eterno (Hegel), e nunca ter morado no Brasil.